Cantores e Cantoras
Jorge Mello
Nesses escritos tratarei dos cantores intérpretes de nossa música popular depois do registro de gravação. Apenas daqueles intérpretes considerados herdeiros de Xisto Bahia, grande autor e intérprete de sucesso nos teatros de revista e que transferiu seu bastão na casa de Tia Ciata para os pioneiros do disco. Vou tratar da história desses intérpretes, cantores e cantoras, do início do século XX e que tiveram suas vozes gravadas em disco de cera..
No Rio de Janeiro, a Casa da tia Ciata, recebia amigos (músicos, poetas, intelectuais) em suas festas, que demoravam uma semana de muita euforia, som e poesia. E foi ali naquele ambiente que no início do século XX, observamos a invasão das máquinas de gravação. E embora tivessem várias salas com variados tipos de música rolando o dia todo, foi a atividade musical que se desenvolvia nos fundos da casa, no terreiro, os primeiros a serem beneficiados com essa novidade, com a nova tecnologia.
Em 1904 com o aparecimento do gramofone e do disco de cera, apareceu a primeira leva de cantores: Nozinho, Eduardo das Neves, Cadete, Bahiano e Mário Pinheiro foram os primeiros a se tornarem profissionais do disco. E esse fato foi o que mudou a história da música popular brasileira. Com o encontro dos sambistas com o gramofone, se iniciou a nossa canção popular.
Agora vamos ampliar a visão do tema. Cantores não são apenas aqueles que só interpretam composições de outros, porque muitos compositores foram e são grandes intérpretes. Tendo essa visão, vamos em frente:
O Brasil tem o orgulho de ter produzido grandes vozes. Dentre elas sublimo a de Orlando Silva, dos anos 20 e 30, o “Cantor das Multidões”. Intérprete dotado de uma voz grande, ampla – mas preferia a sutileza à potência. Orlando conseguia dosar sua voz e emitir uma variedade de timbres impressionante. Sua voz passa dos graves aos agudos com total facilidade. Como disse Caetano Veloso: “Ninguém pode entender bem a MPB se não entender a bossa nova; ninguém pode entender a bossa nova sem entender João Gilberto; ninguém pode entender João Gilberto sem ouvir Orlando Silva.”
A variedade de timbres que ornaram nossa música popular passa por Vicente Celestino, Carlos Galhardo e Gastão Formenti, Nelson Gonçalves, Roberto Carlos, Djavan. E antes de João Gilberto e sua Bossa Nova, já ouvíamos vozes com timbres próprios daquele movimento musical, como a voz de Mário Reis, Noel Rosa, Almirante, Lupicínio Rodrigues, Lúcio Alves e Dick Farney. Outro timbre especial tinha Chico Alves, dono de grande voz mas não berrava. Todos eles cantavam com suavidade, suingue, graça e malícia.
Chega a década de 50 e somos presenteados por vozes como a de Luiz Gonzaga, timbre único, metálico e doce. Carmélia Alves, Elizete Cardoso e Elza Soares, e a incrível voz do já citado Nelson Gonçalves. Vem os anos 60 e somos surpreendidos por timbres como o de Milton Nascimento, Gilberto Gil, Caetano Veloso e tantos outros como os intérpretes da Jovem Guarda, liderados por Roberto Carlos. Nos dias atuais temos a voz de Fagner, cheio de melismas, ornamento vocal melódico próprio do canto dos árabes e do canto gregoriano, utilizado na nossa música popular, que enriquece a melodia. Não preciso citar nomes, basta orientar que você leitor, ouça as vozes brasileiras, que tanto valorizam a nossa MPB, considerada a melhor música do planeta. Somos um povo musical!
VIVA AOS CANTORES E CANTORAS de nossa MPB!
VIVA à Música Popular Brasileira!
LISTQA DE CANTORES E CANTORAS FOTOGRAFADOS POR MÁRIO LUIZ THOMPSON E ESCOLHIDOS POR JORGE MELLO
1- Agnaldo Rayol
2- Carlos Gonzaga
3- Cauby Peixoto
4- Emilio Santiago
5- Miltinho
6- Noite ilustrada
7- Orlando silva
8- Caetano Veloso
9- Djavan
10- Jamelão
11- Luis Melodia
12- Milton Nascimento
13- Nelson Gonçalves
14- Raimundo Fagner
15- Taiguara
16- Alaide Costa
17- Aracy de Almeida
18- Baby do Brasil
19- Carmélia Alves
20- Elis Regina
21- Elizeth Cardoso
22- Gal Costa
23- Elza Soares
24- Leny Andrade
25- Nana Caymmi